"A conclusão pode ter implicações religiosas, mas ela não depende de pressuposições religiosas."
Dr. Michael Denton

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Explicando a Jabulaaaani

Fala, meu povo! Td bem?

Estive longe há um tempinho, mas tô de volta! :)

Um amigo meu me mostrou esse texto mto interessante, sobre a jabulani. É uma 'explicação física' para os efeitos da bola da copa e sobre a polêmica que ela tem gerado. Vale a pena ler :)


Por Gustavo Poli

Nunca, jamais, em tempo algum uma bola esteve tão na boca do povo. Até o Cid Moreira, com sua voz de caverna platônica, ecoou no Fantástico: Jabulaaaaani. Deve ser a bola de Copa mais conhecida de todos os tempos, batendo até a famosa Azteca de 1986. Por conta do artigo aqui escrito, em que jogava boa parte do mau futebol desta Copa na conta da dita e esférica cuja, recebi um e-mail interessante do físico Rodrigo Capaz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Capaz, basicamente, explica porque os jogadores andam estranhando tanto a bola. Reproduzo abaixo o e-mail – para que mistérios de Jabulani:


“ As regras do jogo especificam “algumas características” da bola – não todas. São especificadas a circunferência, a massa e a pressão. Mas isso não caracteriza totalmente a bola. Há duas outras características importantes que são a resistência d ao ar (que pode ser medida em um túnel de vento) e a elasticidade (ou seja, o quanto a bola quica, que pode ser medida por exemplo vendo-se a que altura a bola sobe depois se ser solta a uma altura de 1 metro, por exemplo). Essas características podem ser alteradas mudando um pouco o material de que é feito e o numero de gomos (em particular, a resistência ao ar diminui bastante diminuindo-se o número de gomos).

Então, o que a Adidas fez foi mudar bastante as características da bola sem violar as regras, ou seja, mantendo a circunferência, a massa e a pressão. Com isso eles se defendem, dizendo que a bola “atende as especificações da FIFA”.

Como você diz no seu post, já está bastante claro que essa bola oferece menos resistência ao ar. Isso se deve principalmente ao número menor de gomos e possivelmente a algum revestimento especial do couro (isso estou especulando). Como você também diz no seu post, esse efeito é equivalente ao que acontece nos jogos que são feitos na altitude, onde a resistência é diminuída pela menor densidade do ar. Então, esse efeito é ainda mais acentuado nas partidas da Copa que estão sendo realizadas em altitude elevada.

A intenção da Adidas pode ter sido mesmo complicar a vida dos goleiros e aumentar o número de gols, mas parece que eles conseguiram (ao menos nas rodadas iniciais) o efeito exatamente oposto, pois muitas jogadas são perdidas porque os jogadores ainda não “pegaram o jeito” da bola.

Quando há menos resistência, acontece o seguinte: a bola fica mais veloz e diminui o “efeito”, ou seja, a bola “faz menos curva”. Aqui cabe uma explicação: o efeito de que eu estou falando é aquele que ocorre quando você chuta de trivela ou com a parte interna do pé, fazendo a bola se curvar para um dos lados ou para baixo (tipo o top spin do tênis, importante nas cobrancas de falta “colocadas”, próximas à área, e nos cruzamentos). Mas repare que há muitas reclamações dos goleiros dizendo que a trajetória da bola parece mais errática, imprevisível, parecendo indicar que o efeito aumenta.

Isso ocorre porque há um outro tipo de “efeito”, que ocorre quando a bola é chutada com o peito do pé, “de chapa” (pegando mais ou menos no meio da bola) e com muita força, dando à bola uma velocidade muito alta. Esta velocidade alta faz cria um efeito de turbulência que faz com que a bola faça curvas (aparentemente) erráticas. É como o Cristiano Ronaldo chuta, ou como o Marcelinho Carioca chutava, entre outros. Como essa bola viaja mais rápido, é possível que esse efeito esteja sendo acentuado

Há um outro detalhe, que é o seguinte. A “sensação” de que a bola está mais leve pode sim ocorrer, mesmo que a bola tenha a massa dentro da faixa especificada pela FIFA. Primeiro, como eu já falei, pela dificuldade de fazer o efeito “para baixo”, importantes nas faltas colocadas (aquelas do Zico, por exemplo) e nos cruzamentos. Essa bola parece que sobe mas não cai – e é por isso que temos tantos cruzamentos errados e creio que vamos demorar para ver um gol de falta colocada.

Isso dá ao jogador realmente uma sensação de leveza da bola, mas que não tem nada a ver realmente com o peso (ou massa) dela. É porque falta o tal “efeito”. Creio que os jogadores vão aos poucos se acostumar e pegar o jeito de bater nela (contra a Coreia, parecia que o Messi já estava cruzando escanteios e faltas de modo bem razoável), mas até certo ponto: nunca vai ser a mesma coisa que as bolas “normais”.

Outra característica que pode dar a sensacao de que a bola está mais leve é a elasticidade dela. Se a bola “quicar mais”, voce precisa de menos força para imprimir a mesma velocidade nela. Pode ser que isso aconteça com essa bola e isso também traria uma sensação de leveza – mas aqui já estou especulando de novo – porque é dificil afirmar alguma coisa apenas vendo pela TV.

Resumindo: fizeram uma lambança, mas isso pode ter um lado bom. Sempre que a tecnologia avança, as regras precisam se adaptar e se atualizar (veja o caso dos maiôs “sem atrito” da natação). Ou seja, pode ter chegado a hora de a FIFA incluir nas especificações da bola do jogo também alguns dados sobre elasticidade e resistência ao ar.

E por que não, ainda mais pro futuro (utopia?), quem sabe não poderíamos ter diferentes tipos de bola para diferentes condições de altitude, por exemplo. Uma bola com mais resistência ao ar para jogar a uma altitude maior iria simular, para o jogador, o comportamento de uma bola “normal” ao nível do mar.

Para terminar, mas ainda relacionado a este tema, uma coisinha que voce poderia averiguar, como jornalista. A bola nao e’ totalmente esferica, por causa dos gomos e porque tem um furo (para entrada de ar). Eu me lembro claramente de ver, num programa de TV no final dos anos 70 ou inicio dos 80, uma conversa entre o Zico e o Roberto Dinamite sobre a maneira que eles posicionavam a bola para bater faltas.

O Zico, como batia com esse efeito para baixo, dizia que era melhor posicionar com o furo para baixo, pois assim “a bola não subia muito”. O Roberto, como batia com um pouco mais de força, botava o furo pra cima (não me lembro exatamente se ele deu alguma explicação). Eu, que era criança na época, me lembro que isso realmente funcionava com as bolas de então.

A pergunta é será que isso ainda funciona com as bolas de hoje em dia, que evoluíram tanto? Ou seja, será que os jogadores de hoje ainda posicionam a bola de alguma maneira particular ao bater faltas ou escanteios? Ou será que hoje em dia tanto faz? A outra pergunta (física), para a qual nunca vi uma resposta, é porque esse efeito acontece. Numa primeira análise, eu pensaria que a posição do furo fosse um detalhe desprezivel, mas talvez eu esteja enganado.”


Fonte: http://www.globoesporte.globo.com/

2 comentários:

Daniel disse...

Jabula-o quê? Hehehehe

Daniel disse...

Ah, gostei do fundo novo...